20.10.11

Não cometa o erro primário de supor que acerta sempre.

Eu quero que você morra!

Esse é hoje o meu desejo mais sincero. Eu realmente quero que você morra. Mas que essa tua morte seja apenas a do teu modo errado de viver. Que morra só esse teu lado emocionalmente fraco, tedioso, triste, cambaleante. Que você morra como Jesus morreu: metaforicamente. Crucifique teus anseios bobos, desfaça-se do que não presta, desmonte as relações que te oprimem, abandone agora mesmo essa vidinha inexpressiva. Dê um belo salto profundo. Morra. Mas morra com um só e claro objetivo: ressuscitar gloriosamente logo mais. Nem precisa esperar três ou quatro dias, nem precisa ser parente do José de Arimateia. Lembre-se: até Jesus teve que "morrer" um dia para subir aos Céus... Mas não caia na besteira de morrer de verdade, nem de morrer aos poucos. Morra muito e morra logo. E que essa tua morte seja só a morte do teu modo errado de viver.

Eu quero que você viva!





Àqueles que não conseguem me compreender, não posso fazer nada, pois não chegarão de forma alguma aqui onde cheguei, nem verão graça nas minhas idéias, nem perceberão sentido nas coisas que hoje faço — e certamente odiarão as palavras todas que eu profiro.

Àqueles que me compreendem, também não é preciso dizer nada, pois podem chegar sozinhos às mesmas conclusões. Contudo, digo-lhes estas palavras e coloco-me desta forma, amorosamente, apenas para que sintam o imenso prazer estético que minha fala proporciona. Digo-lhes, com toda a sinceridade, apenas para que saibam que não estão sozinhos nesta empreitada gloriosa, nesta impressionante loucura de ser livre.




ELOGIOS E CRÍTICAS


Algumas considerações sobre os meus pontos de vista


Como toda pessoa com posições seriamente democráticas, eu aceito tanto as críticas positivas quanto as negativas a respeito do que sou, do que penso, e do que faço. Todas elas são, por definição, simples manifestações de opinião — e todas, por isso mesmo, igualmente passíveis de serem falsas ou verdadeiras. Com base nessa premissa elementar eu concluo que seria irracional privilegiar umas em detrimento das outras.

Embora (como para todo mundo, suponho) certos elogios me sejam mais agradáveis do que as críticas negativas, costumo ver nestas um sinal — e acabo valorizando-as até mesmo um pouco acima daqueles. Primeiro, e só para efeitos de raciocínio, suponho-as desinteresseiras e com algum valor de verdade. Procuro entendê-las no contexto, racionalmente, a partir de uma certa e segura distância brechtiana. Se ocorre não concordar com algumas delas, mas se também consigo refutá-las com sucesso — ainda que apenas mentalmente — deixo-as de lado, e sigo em frente no que faço, no que sou e no que penso, livremente. Decididamente.

Porém, se tais críticas são bem formuladas e tocam meu coração de alguma forma; se perdura em mim uma certa sensação de que as mereço realmente — não as desprezo, não as esqueço, nem tento desqualificá-las de modo algum. Então, nesse caso, a partir delas e sensatamente, procuro tomar providências, mudar concepções, aprimorar o que faço e melhorar o que sou — como ser humano, como filho, amigo, amor, amante ou companheiro de jornada.

O mesmo raciocínio vale para os meus textos e poemas. Para as
paredes que desenho, as fotos que faço, as relações que mantenho, os projetos que apresento, os pratos que cozinho, as idéias que proponho, as atitudes que tomo, e os livros que eu escrevo. Claro que vale também para esses múltiplos orgasmos que vivo compartilhando com todos os meus amores principais.


E essa doce abertura poética na cabeça dançante é que torna minha vida uma
aventura inesquecível. Extraordinária.